terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Uma explicação sobre o bem e o mal.

Adão e Eva foram criados à imagem e semelhança de Deus. Eles tinham o paraíso e possuiam grande inteligência. Eram imortais e perfeitos.

Mas tinham apenas uma restrição: não podiam comer da árvore da vida, que lhes daria ciência do bem e do mal. Bom, mas isso nem fazia sentido pra eles. Bem e mal eram apenas palavras, e tudo que eles conheciam era o que faziam no Éden na companhia de Deus.

Deus os fez essencialmente bons. Isso não lhes tirava o livre-arbítrio (tanto que mais adiante tomaram uma decisão por conta própria). Alguém essencialmente bom é inclinado a fazer coisas boas, embora não lhe seja proibido tomar decisões que não sejam boas. Se o mal é desconhecido, é provável que só tomem decisões boas.

Porém tomaram uma ruim. Aceitaram a oferta da "serpente" de provar do fruto proibido, o que lhes trouxe a ciência do bem e do mal. Isso quer dizer que, de repente, eles passaram a compreender que existem coisas boas e coisas ruins a serem feitas de acordo com a vontade. Isso sempre foi possível, mesmo antes, só que agora eles optaram por saber disso, e abriram mão de sua inclinação essencialmente boa.

Ora, se eu decido conhecer o bem e o mal é porque não quero ser mais inclinado a um ou a outro. Quero decidir pelo que fazer sem que haja uma essência boa. Por causa disso, noutras palavras, o homem pediu para que Deus retirasse dele sua essência, que é boa. A partir daí o homem passou a ser um copo vazio, escolhendo do que gostaria de ser cheio.


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Veja que o homem já tinha livre-arbítrio quando escolheu comer a maçã, então é bom que ninguém pense que ao comer o fruto da ciência do bem e do mal o homem então passou a tê-lo. Porém, como uma criança pequena, que não sabe se o que está fazendo é bom ou ruim por justamente não conhecer essa dualidade bem-mal, Adão e Eva tomavam atitudes diversas antes de comerem do fruto proibido tendo aquilo apenas como "ações", exatamente como as crianças são. Não o faziam pensando serem boas ou ruins. Porém sua essência era boa, o que faz pensar que eram ações boas.

A herança que eles deixaram para nós depois de comerem do fruto é exatamente essa: a ciência que temos do que é bom e do que é ruim. Depois de certa idade tomamos conhecimento que é ruim o estupro, o assassinato, roubar o que é dos outros, entre outras coisas. Essas coisas não são ruins só porque são crimes. Elas são ruins em sua essência (e por isso mesmo se tornaram crimes puníveis).

A idéia do que é ruim e do que é bom também não veio com as formações das sociedades ou com o contrato social. Estes vieram justamente para amenizar as coisas ruins, tal como cobiçar as terras alheias, os bens alheios, não matar sem que seja julgado por isso etc.

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E o mundo em seu contexto atual, e quando digo atual eu falo dos últimos 20 ou 30 anos, tem coisas bastante ruins. Ninguém que nunca passou fome vai dizer que a fome é algo bom. A fome assola 1/3 da humanidade, ou seja, uma em três pessoas. As guerras, as armas nucleares, nada disso é bom, porque não traz resultado algum, a não ser morte e destruição, que são coisas ruins. O egoísmo e as desigualdades sociais, que fazem uns ganharem milhões e outros menos de 1 dólar por dia não podem ser coisas boas.

O que estou dizendo é que o mundo, pelo que vemos nele, não tem sido essencialmente bom. As coisas boas não tem prevalecido, embora existam, sem dúvida, como o avanço da ciência e o desenvolvimento dos direitos humanos (ao menos enquanto direitos, embora ainda haja bastante racismo, entre outras coisas).

Se fosse bom, não estaríamos destruindo tanto a natureza, matando animais, mesmo que sejamos avisados constantemente há décadas para não fazermos isso. Não haveriam guerras locais e armas nucleares que nunca foram destruídas e outras sendo criadas para matar mais pessoas mais rapidamente. Não haveria a fome com números tão ruins ou piores que no passado. A violência não seria cada vez mais comum.

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Mas, como eu disse, o que o homem passou a ter foi o livre-arbítrio, não a natureza ruim, pelo menos na minha interpretação bíblica. Só se pode concluir que ele tem se deixado encher pelas coisas essencialmente ruins mais do que pelas boas. Está claro que a serpente nunca deixou de falar ao homem, desde o fruto no Éden.

É lógico, a serpente não quer que digam "olhem, tem uma serpente influenciando a todos para fazer as coisas ruins no mundo". Aí vieram os positivistas, humanistas, ateus e outros "intelectuais" para dizer que diabo é uma alegoria, uma caricatura para justificar o mal que o homem faz. "Deus é um delírio", outro disse.

O que eles estão dizendo é que nem existe natureza boa (que veio de Deus) e que nem existe natureza ruim (que veio da serpente). O homem faz coisas porque quer fazer, e os resultados são naturais. A fome existe como "equilibrio para eliminar os mais fracos" (sim, isso é Darwinismo Social e tem muitos adeptos).

Eles estão dizendo, embora não explicitamente, que não precisamos entrar em pânico, porque tudo isso é perfeitamente normal. Tudo segue a lógica da evolução natural: quem morre de fome é fraco, as guerras são resultados de relações normais entre sociedades, a violência é apenas efeito colateral de problemas sociais na história de cada sociedade.


Pior é que muitos acreditam, aplaudem, ficam efusivos com esses discursos falaciosos. Os mais escrachados falam que "religioso é tudo alienado", que os discursos em prol da paz e do bem são apenas retórica dos hipócritas com valores cristãos e que não é errado as pessoas perderem tempo com o que bem entenderem enquanto mundo desaba em volta delas.

Tudo bem que existem os discursos hipócritas, que vem dos políticos que querem ganhar projeção e poder. Mas ninguém pode negar que vivemos em profunda indiferença e egoísmo.

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Vão continuar dizendo que Deus e o Diabo são criações humanas, que os religiosos são fanáticos ( e quem diz automaticamente se coloca como senhor da verdade e do esclarecimento, embora faça parte da humanidade e igualmente responsável pelos seus males). Vão continuar perdendo tempo com prazeres que duram cada vez menos e com diversões cada vez mais enfadonhas, tolas e inúteis.

Vamos nos divertir, mas sem fechar os olhos para a realidade do mundo e ficarmos mudos diante dela.


Então, se alguém teve a inteligência de ler esse texto até aqui, saiba que a humanidade precisa sim, refazer sua aliança com o único que já lhe deu algo de bom, que é Deus.

Paro por aqui.

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