segunda-feira, 25 de abril de 2011

Uma visita ao Inri cristo

O documentário sobre a Semana Santa, que já está em curso, teve o nome de uma figura inusitada incluída: o Inri cristo. Ele aceitou nos receber para uma entrevista, conforme foi agendado com uma de suas discípulas por telefone. Fomos em 4 pessoas até a propriedade do Inri: eu como repórter, o Tiago Esmeraldo como cinegrafista, um outro jornalista como fotógrafo e outro rapaz como visitante e "interessado" na literatura do Inri.

Assim que chegamos, a primeira coisa que impressiona é a dimensão da propriedade, de pelo menos uns 20 mil metros quadrados. O muro azul, com uma cerca elétrica nele todo e câmeras de segurança próximas aos portões mostra que o "cristo" prefere se precaver. Em um dos portões, um desenho da arca de Noé e a citação de Lucas 17:20: "O reino de Deus não vem com aparato" (só encontrei essa palavra "aparato" na tradução do Inri).



Interfonamos e ouvimos a voz serena e ao mesmo tempo firme de uma das discípulas, dizendo para nos dirigirmos ao outro portão. Assim que uma delas nos recebeu com um dos discípulos do Inri, fomos repreendidos (educadamente, posso dizer) por causa de nosso atraso de meia hora. "Inri é muito pontual, e se marcou hora com ele, tem que chegar na hora", ela disse. Por causa do atraso, a mesma iria nos dispensar. Foi aí que uma outra discípula chegou e disse que poderíamos entrar e dar um "oi" para o Inri. Acompanhamos as discípulas até o local de reunião, onde uma cortina estava fechada sobre uma espécie de altar. Algumas pessoas (No total 14, incluindo os discípulos do Inri, a equipe que veio comigo e outros 2 conhecidos nossos que também estavam ali como visitantes). Todos estavam em silêncio , aguardando o que estava por trás da cortina.

A cortina vermelha se abriu de repente e lá estava o Inri, sentado em um trono branco e com uma coroa branca na cabeça (imitando a de espinhos, mas parecendo ser de gesso). Imediatamente, todos os discípulos dele se ajoelharam e ajuntaram as mãos em posição de oração, enquanto o Inri orava ao "pai". A seguir, ele declarou que iniciar o "colóquio".



Literalmente começou a pregar, usando de frases prontas, iguais as que ele usa em um video do seu site, inclusive num tom apocalíptico, sem deixar de mencionar os "ignorantes" que ainda não o reconhecem como Cristo (ou seja, todos os 6,5 bilhões de habitantes da terra, menos ele próprio e seu séquito de discípulos).

Quando eu já estava um tanto entediado, ele me surpreendeu. Fez uma pausa e perguntou se alguém tinha alguma pergunta. Levantei a mão na hora. Como um cristão típico que se irrita quando vê alguém como o Inri, não pude deixar de confrontá-lo com algumas perguntas que não combinavam com o clima de divindade que os discípulos conseguiam criar em volta do Inri, com aquele silêncio estranho e semblante de paisagem enquanto ele falava. Depois que fiz umas 3 perguntas, o Inri começou a dizer "só mais uma, porque vou sair". Constatei que eu era o mais incoveniente para o Inri e seus discípulos. A cada pergunta, uma das discípulas me olhava de soslaio, sempre desferindo algum comentário como "o que voce está perguntando está no site!".

Depois de algumas perguntas, interrupções, olhares feios e o diabo a quatro, o Inri encerrou o sermão de mais ou menos 20 minutos com uma nova oração ao "inefável pai", novamente antecedida por uma sincronizada ajoelhada de chão dos discípulos. Pra falar a verdade, eu já estava cansado das evasivas do Inri quando fazia as perguntas, respondendo do jeito que ele achava melhor e sempre reafirmando o seu suposto status de "Cristo". Já quase indo embora, eu e os outros visitantes ganhamos das discípulas 2 livros do Inri cada um. A necessidade de lê-los (para ter condições de debater novamente, segundo o Inri) foi enfatizada uma dúzia de vezes.




Os detalhes da visita voce irá ver no documentário, quando ficar pronto. É provável que voltemos lá, para uma exclusiva.

Um comentário:

Anônimo disse...

perda de tempo ....